Casa bagunçada


Por Dayse Oliari 


Existe dentro da sua mente um porão onde ficam guardadas várias verdades que você foi caçando e ganhando pelo caminho ao longo de sua vida. Verdades sobre sua vida familiar, relacionamento, emocional, profissional, etc. Algumas dessas verdades começam a criar raízes nesse porão, pois o que alimenta elas é um lugar escuro, úmido e sem ventilação. 

A medida que essas raízes vão crescendo pelo interior mais escuro da casa, a estrutura começa a trincar, e você mal percebe o motivo, porque não vê as raízes... elas estão apenas no escuro. O tempo passa, vem as tempestades e os terremotos e a casa sofre com as goteiras, umidade e mais rachadura. E isso te desestabiliza, porque é a sua própria casa e você não sabe nem como resolver. Sua vontade é de chorar de desespero e fugir dali, mas você não consegue porque não tem pra onde ir. Aquela casa é a única que você tem para suas emoções e valores morarem, porque parte dos tijolos tem o seu sangue. 

Até que chega o dia em que você toma a decisão de descobrir o motivo da casa estar quase em ruínas. Você analisa o telhado, as janelas, as portas... mas está tudo ok. Você olha atrás do sofá, embaixo da pia, arrasta o tapete... e nada! Você resolve então olhar o piso, o encanamento e a eletricidade, e percebe algo enrolado pelos canos e fios, mas está tão misturado que é imperceptível a diferença das raízes com os materiais internos da casa. Você chega a conclusão que é impossível tirar aquelas raízes, já estão coladas! A única forma de removê-las é trocando todo o encanamento e eletricidade da casa, mas como isso está dentro das paredes da casa, não há como tirar sem que quebre a casa toda. Aí você chega a conclusão que pra resolver isso precisa derrubar tudo e começar do 0.

Isso te desanima, porque você foi construído com a influência da sua família, dos seus amigos, todos eles fizeram você, a sua casa. E agora, pensar em fazer sozinho é quase impossível, você não entende nada de construção. Isso causa ansiedade, desespero e uma profunda depressão. As raízes começam a tomar conta e a casa começa a desmoronar o telhado. Você está perdido, sozinho e só quer ficar no canto chorando porque tudo acabou, não existe mais solução. 

Até que alguém bate na porta muitas vezes, e você ali no escuro se assusta porque sua casa está isolada. "Como alguém encontrou onde eu moro?" - se pergunta. As batidas começam a ser insistentes e você se levanta para se aproximar, se desviando da bagunça que está na frente para chegar até a porta. As batidas te dão agonia, e você fica ansioso para pará-las porque não está suportanto tanto barulho na sua casa. Ao abrir a porta, um homem, com roupas manchadas de tinta, e poeira, com uma maleta de ferramentas começa a dizer:

"Estou fazendo um trabalho de restauração nas casas da região e gostaria de oferecer meus serviços para você. Vi que se sua casa continuar assim, você vai morrer rapidinho"

Você com tanto desespero pairando na mente, diz:

"desculpe, mas não posso pagar"

"Hey"- enquanto segurava a porta antes de fechar. "estou oferecendo esse serviço de graça para você. Já enfrentei tempestades terríveis, mas aprendi a deixar a casa resistente, eliminando algumas raízes ruins, que estão guardadas no seu porão que danificam a estrutura, e fazer uma manutenção diária para deixá-la sempre resistente. Se você aceitar, posso construir tudo de novo para você e fazer essa manutenção diária todos os dias. Mas eu preciso saber se você quer o meu serviço."

"Poxa, aceito sim! Mas, é de graça mesmo?"

"É sim! Totalmente de graça! Você pode visitar seus vizinhos e conhecer o trabalho que fiz na casa deles. Eles vão te contar tudo sobre a qualidade do meu serviço. E aí, topa?"

"Sim, aceito. Nem acredito que isso é real, eu já estava esperando a morte"

"Mas olha, sempre que vier, estarei batendo na porta para respeitar a sua decisão. Existe uma outra pessoa se passando por mim que não bate na porta, ele já vai entrando e arrumando do jeito dele, mas em pouco tempo a casa desmorona. Ele faz um serviço muito abaixo do que eu ofereço. Então fique atento a esses sinais."

"Muito obrigado pelo aviso".

"Enquanto eu estiver na construção da sua casa, quero que leia algumas cartas que escrevi pra você. Para te fortalecer e estar preparado para enfrentar as próximas tempestades. Saiba que você não está sozinho, e você não precisa fazer tudo por conta própria. Eu entendo do assunto e estou totalmente à disposição para te ajudar e ser o seu amigo, tá bom? Não se preocupe, confie em mim."


Nesta analogia, a casa é a sua mente, o porão é seu inconsciente, as raízes são as coisas que plantamos e colhemos ao longo de nossa vida, as tempestades são as comparações e as influências de fora. O homem que chega sem bater organizando do jeito dele é Satanás e o construtor que faz de graça é Jesus, que se dispõe a fazer todo o trabalho pesado no seu coração, mas Ele só faz se você aceitá-lo todos os dias. Ele faz assim, para você saber diferenciar o trabalho dele do inimigo, e não desistir de buscá-lo em todos os momentos do seu dia. Ele é especialista em consertar os cacos, então apenas confie...você não está sozinho!

"Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo". João 16, 33.

Jovens Guerreiros

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Um comentário:

  1. Essa leitura me fez lembrar de uma passagem da Ellen White sobre o sonho de Guilherme Miller: https://egwwritings.org/read?panels=p1957.515&index=0#highlight=1957.515,0:1957.515,593|0

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